segunda-feira, 1 de maio de 2017

ADO, A-ADO, CADA UM NO SEU QUADRADO.

Já faz um tempo - um bom tempo - que essa música ADO, A-ADO, CADA UM NO SEU QUADRADO fez sucesso aqui no Brasil. Eu lembro que até fazia a coreografia kkkk mas lembrei dessa música na semana passada, quando estava trabalhando com meus alunos sobre os Ditados Populares.

Perguntei se sabiam o que era. Disseram que não sabiam. Expliquei que eram expressões muito usadas no passado - nem tão passado assim, diga-se de passagem - que muitas pessoas usavam para ilustrar uma situação em um diálogo. Falei e fui explicando cada um dos ditados para eles:

Em boca fechada não entra mosquito.
Quem muito fala dá bom dia a cavalo.
Cavalo dado não se olha os dentes.
Em terra de cego, quem tem olho é rei.

E quando eu cheguei no Cada macaco no seu galho, eles me questionaram se era a mesma coisa de Cada um no seu quadrado. É uma expressão que uso muito, principalmente quando noto um aluno se metendo no assunto alheio. 

Daí, eu me me lembro de quantas pessoas adoram cuidar da vida alheia. Está aí a prova mais recente do que falo:



Adorei o "pei" da Juliana Paes. Quem é esse ser para modificar o corpo dela? Por que tem que meter o bedelho? Eu, particularmente, detesto ver situações de pessoas tomando conta da vida das outras, mesmo em relação aos famosos. Você pode dizer "ah, mas o famoso escolheu essa vida, sabia que quando se tornasse pop, as lentes de todas as câmeras e olhares de todas as pessoas se voltariam a ela", mas gente, tudo bem. Mas eu acredito que até os famosos tenham saudades dos seus tempos de estranhos, que podiam tomar uma média na padoca sem ser incomodados.

Mas vamos ao plano mais próximo de nós, o nosso cotidiano. Não sei vocês, mas eu tenho um imã para atrair pessoas para cuidar da minha vida: como eu educo meus filhos, como devo agir diante das situações, como eu me visto, como, durmo, leio, trabalho... que chato! Eu me lembro da época que morava em São Paulo. Estava nos preparativos do meu casamento, pagando apartamento - que eu não sabia quando ia sair da planta, diga-se de passagem - e com certeza meu marido ia ter que pagar aluguel até morarmos nele. Faltava poucos meses para o casório. Caímos na besteira de aceitar morar numa casa de aluguel do meu pai que estava a um bom tempo fechada e pegamos de volta o que já tínhamos pagado no apartamento.

Até o dia que saí dessa casa - 8 anos depois - eu tinha que suportar meus pais se intrometendo na forma como eu arrumava a casa, educava meus filhos, quem eu recebia na casa. Eles moravam longe de casa - acho que uns 2km - mas como a casa pertencia a eles, sei lá, acho que eles se sentiam no direito de se meter. Eu detestava, mas não fazia nada. Eu não era uma excelente dona de casa, daquelas que deixa a pia sem louça suja e a casa organizada... tinha dias que baixava o espírito de Amélia e a casa ficava no padrão, mas não diariamente. Quando o copo encheu e transbordou, que foi o momento que resolvi cortar o cordão umbilical, ainda tive que esperar alguns meses - tinha acabado de descobrir que estava grávida do caçula - e nos meses depois da descoberta, meu marido e eu começamos a nos preparar para mudar de São Paulo para o Paraná. 

Só informei meus pais 2 dias antes da viagem. Minha mãe surtou. Mas eu não ia desistir. Viemos para Campo Mourão, com três crianças pequenas (5, 4 anos e 2 meses), 1 carrinho e 9 bolsas. A mudança da casa veio 2 meses depois. Não foi fácil a adaptação numa cidade totalmente diferente da que eu estava acostumada, mas valeu muito a pena. Foi a forma que encontrei para me livrar da marcação cerrada dos meus pais. Talvez, penso eu, eles achassem que estavam me ajudando. Porém, mesmo sendo meus pais, no momento que estou casada, eles não tem esse direito. Acho que é por isso que hoje eu não tenho esse costume de cuidar da vida dos outros e me incomodo quando vejo outras pessoas cuidando da vida de outras.

Depois que passei a morar aqui, houve algumas situações de pessoas cuidarem da minha vida... mas tive jogo de cintura. Para algumas pessoas cheguei a dizer que daria de presente um gatinho...



... para cuidar das sete vidas dele e deixar a minha em paz. Ou então, avisava que as contas já haviam chegado...


... e podiam pagar para continuar a cuidar da minha vida. 

Hoje, se vejo uma tentativa de cuidar da minha vida ou de outro, já começo a cantar ADO, A-ADO, CADA UM NO SEU QUADRADO... ADO, A-ADO, CADA UM NO SEU QUADRADO...

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